Monday, December 26, 2011

Meu Primeiro Natal Fora do Hospital


Vivi este final de semana, um momento de extrema emoção.
Sábado, dia 24 de dezembro de 2011, acordei de madrugada, para tomar banho.
Entre ansiedade, um pequeno contra tempo surgiu; de ter separado tudo para sair, uma camisa muito linda que ganhei, não serviu em mim. Procurei não deixar que nada abatesse minha felicidade de sair, pois fizera mais de dois anos que não via a luz do Sol.
Pegava varias vezes meu celular, jogando alguma coisa para que a hora de eu sair chegasse mais rápido. Nesse momento eu ainda estava com a roupa do hospital, e isso me incomodava de uma certa forma. Expressei essa ansiedade para a Eliana, a qual a fez falar mais de três vezes em alto e bom som; - Calma!
Uma hora e meia depois tive a grande satisfação da presença de um grande amigo, que agradeço a DEUS que ele me ajudou, e muito. Seu nome; Ivan. Este é o Ivan de Darth Vader.

Escolhemos roupas, ele se prontificou a me ajudar com muito carinho. Testou as camisas antes de vestí-las em mim, pois se cabe nele, com certeza cabe em mim, era assim nosso pensamento, o que deu margem para a razão, pois foi com esta tática que consegui sair de maneira que eu me sentisse bem.
De repente entra no quarto a Silvia, e pela minha ansiedade, nem percebi a presença dela, pensei que fosse uma enfermeira, já que, de tanto ouvir meu iPod, ando agravando minha surdez...
Depois de bem vestido, pedi ao Ivan que ele pudesse me aspirar, quando entra um rapaz que não conhecia e pergunta se sou o Paulo. Naquele momento, percebi que ele era alguém da ambulância que me levaria para a casa dos Moulin.
Como eu não havia prestado atenção que a Silvia já havia chegado há um bom tempo, eu disse que eu estava esperando que ela chegasse; foi aí que paguei o maior mico e quando todos riram da minha cara. Foi muito divertido e engraçado.
Me colocaram rapidamente na maca, me despedi da Eliana, que também iria passear, mas em direção a outro lugar. Desejei feliz Natal, e lá fui eu nesse mar de emoções.

Dentro da ambulância, peguei meu iPod, e coloquei uma música do Enigma, para harmonizar mais ainda o dia que nasceu com um céu bem azul, e um lindo sol, que fazia tempo que não sentia o calor de sua luz.
Enquanto a música preenchia o meu ser, ficava observando a limitada paisagem na pequena janela da ambulância. Eu só conseguia ver poucas árvores, muito topos de prédios, e o imenso céu, muito azul.
Ao chegar ao local, e ver abrirem as portas da ambulância, senti um ar delicioso, um aroma de natureza, e de uma liberdade que não me pertence. Puxaram a maca para fora da ambulância, e logo vi em minha frente, o lindo céu, limpo, com poucas núvens.
Vocês devem estar perguntando, o céu estava em sua frente? Como assim? Tendo meu mundo totalmente horizonta, sempre deitado, logicamente minha frente está voltado para o alto.
Me levaram até o salão de festa da casa da Silvia, e logo ela veio me apresentar seu muito amado e querido por mim, seu filho Felipe. Sem poder falar por ainda eu não estar ao ventilador, eu apenas dei um sinal de positivo, e um sorriso de amigo. Felipe, sem acanho nenhum, logo veio dizendo saber de seus presentes de Natal. Disse que já sabia onde os presentes estavam escondidos, e que iria ganhar dois games.


Enquanto preparavam o local para me acomodar, fiquei vislumbrando o ambiente, a cor vinho do teto, e alguns suportes de luz fluorescente. Silvia disse que fez uma revolução na casa, já que, Maomé não vai à montanha, então a montanha vai até Maomé. Essas foram suas palavras para descrever que desceu toda a sala para o andar térreo, pois não seria muito fácil ter que ficar subindo escadas comigo. Silvia disse que aquele ambiente era a escolinha das crianças, e o Oswaldo, seu marido disse que na verdade aquele lugar era um salão de festa.
Poucos minutos depois, me aconchegaram em um sofá. Observei mais ainda os detalhes, uma imensa janela que ficou sobre minha cabeça. Dava para ver o lindo céu, uma grande árvore que tem um fruto chamado carambola, e um pé de bananeira bem ao lado.
Confortado Silvia veio me perguntar se eu queria já estar no ventilador; sendo assim, respondi que sim. Naquele instante, veio uma pessoa que eu já conhecia, que para mim, é alguém muito especial e demais importante, seu nome, Liliam, que, sempre quando tem condições, vem nos ajudar. Eu queria estar naquele momento totalmente tranquilo, por isso aceitei ficar ligado ao ventilador, e muito feliz por estar em um lugar diferente, não no hospital. Eu só não contava com o excesso de amor que há ali.
Logo que comecei a respirar bem, veio Felipe sentar ao meu lado, ele quieto me observando, sendo que ele ainda não ouviu minha vóz, eu disse; -Oi?
Desse “oi”, o mundo de curiosidade surgiu, peguei meu iPhone, e logo fui no joguinho que antes de viajar, eu estava jogando. Chamei o Felipe para perto, e mostrei o jogo a ele, que logo se aventurou no celular da Apple. Dávamos muitas risadas nas partidas perdidas, e a curiosidade de querer chegar mais longe no jogo.
Ao longe, no momento que brincávamos, percebi um outro garoto, que passou dentro da garagem. Pensei que seria algum amigo de Felipe, mas esperei que o tempo regesse aquele dia como ele deveria ser.
O jogo começou a ficar enjoativo, e nesse momento, Felipe resolve sair. Não tenho idéia para onde ele foi mas, poucos minutos depois ele volta. Nesse momento de seu retorno, vem ao meu encontro, um rapaz. Silvia me apresenta seu irmão, Antônio, acho que esse é seu nome não me recordo muito bem, pois devido tanta emoção, não prestei muita atenção aos pequenos detalhes, e olha que estes são extremamente importantes. Antônio tem a mesma idade que eu, 44 anos. Ele me recebeu com muito carinho, conversamos sobre efeitos especiais de filmes, os meus curso de cinema e animação. Rapidamente nasceu uma grande amizade.
Num momento de silencio, e minha curiosidade de observar cada detalhe do lugar, Antônio pede licença para sair. A sala iluminada pela imensa janela, mostra-se um lugar muito acolhedor, tranquilo e suave. Uns dois minutos de solidão, quando surge Felipe, que senta ao meu lado, e dessa vez vem junto um outro garotinho.
Muito tímido, ele olha para mim com olhar de curiosidade. Eu olhando para ele pergunto; - Quem ser você?; ele nada me responde, mas Felipe diz; -Ele é o Arthur.
Enquanto os dois garotos ficavam conversando entre sí, percebi o Antônio mudar um rack com uma TV de 40 polegadas de lugar, para que eu pudesse ver. Eu ficava lá, quietinho, observando o ambiente, as pessoas que passavam, os garotos brincando. Eu queria absorver cada segundo. Silvia retorna me perguntando se desejo beber alguma coisa, suco, água. Eu na minha timidez, pergunto carinhosamente se teria algo para comer, pois eu estava sem o café da manhã. No momento, Oswaldo, seu marido estava presente, foi quando os dois riram de minha pergunta, e Silvia foi preparar uma bandeja de um café da manhã totalmente especial. Panetone, pão francês, suco de laranja, dois pequenos bules, um contendo leite, o outro café. Tinha também bolachas de chocolate, e melão. Ela começou a me servir, perguntou se gosto de café com leite escuro ou claro, se quero adoçante ou açúcar, em fim, fui logo pegando um pedaço de panetone e me deliciando com aquele café da manhã como jamais tive em minha vida.
Uns 15 minutos ou mais, vieram o Felipe e o Arthur, novamente suas conversas rodeiam os presentes que ganhariam, as perguntas incansáveis para Silvia se podiam abrí-los, estavam bem serilepes.
Depois de meu café da manhã, Silvia vem me trazer os dois controles do PS3, para me juntar à dupla mais que dinâmica. Foram momentos muito divertidos, não seria nenhuma novidade que, de todas as partidas que joguei foram perdidas pois a dupla Felipe e Arthur usaram de uma estratégia que eu já esperava, eles foram muito bom jogadores, me venceram todos os jogos.
Depois de jogarmos muito, ambos saíram, nesse momento, Oswaldo vem, e começamos a conversar. Um grande amigo que compartilhei de meus poucos conhecimentos, e o dele bem mais vasto que o meu. Pude aprender muito mais sobre o amor, o verdadeiro sentimento de amor. Aquela casa tem excesso de amor que nos contagia, que nos faz desejar não querer ir embora.
Naquele momento que eu e Oswaldo conversávamos, entrou uma outra moça, Monica, também não tenho certeza se este é realmente seu nome, mas, logo que a ví, percebi ser uma pessoa muito legal, com características de ser professora.
O dia estava muito quente e abafado, tanto que Silvia tentou esfriar um pouco mais a sala. Ao longe, na garagem, ví que Monica estava lavando o chão. Nesse momento, descobri que haviam dois cães, duas cadelas na verdade, de nome, só me lembro que uma delas chama Mel. O calor era tanto que logo em seguida ví Felipe e Arthur sem camisa, aproveitando deram banho nos cachorros, junto com Antônio.
Silvia deixou os controles remotos de seus eletrônicos para que eu pudesse assistir algo enquanto todos estavam em seus afazeres. Ao ligar a TV, me surpreendi com o sinal HD da TV por assinatura, tudo muito lindo.
Logo mais a tarde, Silvia veio me dizer do cardápio do almoço, perguntou se eu comia pimenta, e eu disse que sim. O almoço foi dois tipos de Penne, um alho e óleo, e outro com carne moída. Na minha indecisão de qual eu queria, ela resolve por um pouquinho de cada, e um prato de salada. Ainda bem que nesse dia eu estava livre da comida do hospital.
Depois do almoço, vem até a mim, outra grande amiga, Jecilene. Liliam e Jecilene são auxiliares de enfermagem que cuidam da Ju, uma menininha muito linda, de olhar expressivo que mesmo com suas dificuldades, seu olhar quer dizer; -Eu amo você. A Ju, é filha da Silvia também. Fiquei surpreso ver a Je com jaleco de auxiliar, foi o momento certo de brincar com ela.
Em seguida, surgem os dois garotos, pareciam que tinham estado em uma piscina, pois seus cabelos estavam molhados. Chegaram com a intensão de jogar mais videogame, quando surge a Monica e pergunta se poderíamos assistir um filme. Para decisão, ela diz que, por serem crianças, Felipe e Arthur, seus votos para continuarem a jogar, valeria um, e os adultos, valeriam dois. Eis então, que ela pergunta; -Quem quer ver filme? Achei justo que pudéssemos compartilhar de uma tarde no cinema, sendo assim ergui minha mão. Assistimos um filme indiano chamado “Como Estrelas na Terra – Toda Criança é Especial”. Um filme muito emocionante e divertido que recomendo para todos.
Lógicos que durante o filme, Felipe e Arthur não ficavam quietos, horas estavam sentados no sofá, horas no chão, horas em pé, em frente a TV. Um detalhe que esqueci de comentar é, Arthur é filho de Monica e seu marido Antônio, irmão de Silvia.
A tarde já estava indo quando o filme terminou. Continuamos vendo TV, até que a Silvia vem trazendo no colo, o anjinho que há tempo eu queria conhecer. A Ju.
Fiquei muito feliz pela oportunidade de conhece-la, e poder compartilhar daquele momento tão especial com ela. Conheci a mãe e o pai da Silvia, que logo que a Ju veio, vieram compartilhar de seu imenso amor.
O tempo parou naquele instante, parecia que eu estava ausente, apenas observando o amor agindo de diante de todos. A Ju sendo amada pelo avô, que com toda a ternura, a abraçava, a avó, não saía de seu lado; e todos ali me fizeram ser testemunha de um sentimento muito forte e verdadeiro.
Aquele amor, atingiu também a mim, que fez uma felicidade brotar como uma flor que arrebenta grandes obstáculos para poder abrir e exalar seu perfume e sua linda cor.
A noite já presente, estamos todos unidos na sala, observo cada um, conversando, brincando e se amando. Uma sensação inebriante, que não me permite a identificar o tempo, saber a hora, e planejar pensamentos. Peguei meu celular e observei que já eram 23:54h. eu disse que faltavam seis minutos para o Natal, o que faz com que todos exclamam em uma só vóz; -Já?
Chegando 00:02h, eu digo e desejo Feliz Natal para todos, nesse momentos, todos nos abraçamos e bem dizemos ao nascimento do Menino JESUS. A Silvia pede que todos deem as mãos e ela faz uma linda oração. Todos preparados para a ceia, logicamente, a fome de Felipe e Arthur, estava voltada aos presentes que o dia inteiro, estavam com o objetivo de abrí-los. Todos ganharam presentes, eu na minha felicidade de ver a Ju receber os presentes dela, em torno de Barbie, Mickey, e panelinhas. De repente, Oswaldo chega correndo até a mim e diz; -Olha, Papai Noel voltou correndo, bateu na porta e disse que esqueceu um presente, e ele disse que esse é pra você. Fiquei tímido, pois não era necessário ganhar nada, sendo que meu maior presente foi estar na casa mais amada do mundo, e o que ganhei, foi o Blu-Ray do filme Planeta dos Macacos que eu tanto queria. Ganhei também, uma caixinha de porcelana com balas de chocolate.
Todos comendo e festejando o Natal, dia especial demais para mim.
Ao chegar as 02:00h, todos se preparando para dormir, fui colocado em uma cama, e levado até um cantinho da sala que ficasse mais escurinho. Quem me ajeitou para dormir foi minha maninha querida e muito amada Je.
Depois de acomodado, pedi meu iPod, coloquei uma selação de música de Amethystium, e apesar do calor e do abafado, tentei dormir.
Ao acordar, já estava ficando claro, para saber as horas, procurei pelo iPod, e ví que eram 06:47h. naquele momento, sozinho no silêncio, fiquei observando o teto que pelo escuro, era um vinho quase preto. À minha esquerda, uma pequena janela, indicava que seria um domingo nublado. À minha direita, na parede, uma arte, desenhada o Rosto de JESUS CRISTO. Orei em pensamento, pedindo a Ele que nos ajudasse. Instantes depois, veio a Je, perguntando se eu precisava de algo e disse que queria água. Bebi três copos de água, depois, pedi para ser aspirado, e depois da aspiração, escovei os dentes.
Depois disso, estávamos questionando como faríamos para que eu tomasse banho, expliquei a melhor maneira para a Je, e com um banho aquecido, fui muito bem cuidado por ela que para mim, é uma grande irmã.
Uma hora e meia depois de terminado, a Je pergunta o que eu queria para tomar café. As opções eram tantas que decidi por um Nescafé, panetone, melão e suco de laranja. Je então vai até a cozinha preparar o café para mim, quando surge Oswaldo e diz; - Bom dia! E eu respondo; -Good Morning Vietnan! Instantes depois veio a Silvia, com uma idéia de algo que nunca tive na vida, arrastar a cama que eu estava deitado, perto da mesa, para que todos tomassem café juntos, unidos. Perguntei à Silvia se tem como colocar música, ela disse que sim, sendo assim, pedi que ela pegasse meu iPod, e colocasse a música do Enigma para encher o ambiente.
A mesa, cheia de coisas gostosas, pães, café, leite, melão, uva, pêssegos, panetone. Perguntei para a Silvia, se havia uma torradeira, ela me mostrou que sim, então pedi que ela torrasse uma fatia de panetone para ficar quentinho e crocante. Para ela isso nunca aconteceu, e achou muito estranho, e fez como eu pedi, e pedi a ela também que experimentasse, pois é gostoso.
Depois do gostoso café, acompanhado pela Je, Felipe, Silvia e Oswaldo, foi o momento que tive a chance de querer tirar fotos. Dessa vez, mais a vontade, quis preservar cada cantinho daquele lugar maravilhoso comigo. Quando estava sendo preparado para voltar ao sofá, pedi que eu fotografasse a grande janela que nesse momento, estava em minha frente, pois eu estava virado para a direita na cama.
A Silvia então sugeriu que me levassem para fora, pois ficaria bem melhor que eu fotografasse tudo. Fotografei o pé de bananeira, o pé de carambola, a pitangueira. Depois fui levado mais ao longe, onde fotografei outras flores, fotografei o chão, pois achei muito lindo, fotografei o céu, os cachorros, tudo que eu tinha direito.
Depois da seção de fotos, voltamos para a sala, e fui ser deitado no sofá. Nesse momento, resolvi assistir o filme que ganhei, com Oswaldo, a Monica e o Felipe.
Ao chegar 12:00h, a Je vem se despedir de mim, pois ela passou o plantão para a Liliam.
Enquanto passava O Planeta dos Macacos, Felipe sai e volta com uma caixa, de um brinquedo que lembro muito bem que eu tinha quando eu era garoto. Ele põe a caixa no chão, e começa a tirar tudo de dentro dela. Peças e mais peças plásticas coloridas, revelariam um jogo de armadilha de pega-ratos. Ele tenta montar todo aquele monte de peças, encontrando dificuldade, tem ajuda de seu tio Antonio, que foi pedido pela Monica que ajudasse Felipe a montar seu jogo. Minha atenção estava voltado para tudo e todos; horas vendo o filme passar, e horas vendo Felipe montando a armadilha pega-rato com seu tio. Instantes depois de montado, tudo pronto para ver se funciona. Rodando uma pequena manivela, que por um estalo chuta um pé, que derruba um baldinho onde continha uma esfera que desce por um caminho, batendo numa haste, que derruba uma segunda esfera, que cai em uma alavanca, que joga um homenzinho num balde grande que bate em outra haste, e que desce a gaiola que prende o rato. Esse era o jogo que eu tinha quando garoto.
Ao terminar o filme, Silvia veio me oferecer o almoço, dessa vez, as deliciosas sobras de carne, o delicioso risoto que o marido dela fez, farofa, batata-palha e salada.
Eu já farto do café da manhã, não comi muito, pois além de estar de barriga cheia, o calor e o abafado faziam com que eu ficasse constantemente com catarro, o que me fez pedir para ser sempre aspirado. Sendo assim, infelizmente não tive a chance de experimentar a sobremesa.
Quase 18:00h, ví que estavam preparando o lugar da Ju ficar, nesse momento fiquei mais feliz, pois o anjinho voltaria a ficar com a gente. A Silvia disse que a Juju queria que eu assistisse com ela, O Expresso Polar, eu disse então que estarei extremamente feliz ao lado da Juju assistindo essa animação muito maravilhosa.
Mais uma vez, falando desse anjinho chamado Ju, infelizmente ela não fala, mas é extremamente inteligente. A prova disso, foi um DVD que a professora dela fez, mostrando a Ju pintando, aprendendo e ensinando a todos nós com sua luta.
Todos reunidos na sala, antes da animação do Expresso, assistimos a uma apresentação de dar orgulho e satisfação de viver. Que DEUS infinitamente, abençoe essa garotinha
Depois da animação, foram momentos de novas fotos. A noite já havia chegado há 3 horas atrás. Momento esse muito divertido e gostoso. Novamente o amor aflora com muita intensidade. Nos abraçamos, sorrimos e nos alegramos. Tive a chance da Juju bem pertinho de mim, onde pude segurar sua mão.
Nesse momento, em que todos estavam jantando, eu, olhando para a Ju, orei em silêncio, e disse ao meu coração; -Ju, eu tenho certeza, se for da vontade de DEUS, você vai ser curada. Eu tenho certeza, se for da vontade Dele, você vai andar, cantar, brincar com outras crianças. Eu tenho certeza que, se for da vontade Dele, tudo é possível, e em meu coração, eu peço muito a DEUS, que te cure, e te abençoe imensamente.
Chegou a hora de eu partir. Dentro de mim, eu não queria voltar. Eu olhava para todos, sorrindo, mas minha alma estava em prantos. Queria continuar no abraço daquele amor infinito, daquele carinho, daquela emoção. Horas antes, em meu celular, recebo uma mensagem, de uma de minhas melhores amiga, chamada Ana. Na mensagem, ela pergunta se já estou voltando. Eu disse que estavam preparando minha partida. Minutos depois, ela me retorna com uma pergunta, se desejo voltar. Eu respondi; “Sinceramente, pela situação que o hospital se encontra, não me dá vontade de voltar.”
Me despedi da Ju, dos outros, fui colocado na maca da ambulância, tirado da sala, passando em um corredor aberto, onde dava para ver o céu escuro, algumas gotas de garoa, e fui colocado dentro de uma caixa sobre rodas.
Antes de fecharem a porta, a Silvia me perguntou se os garotos, Felipe e Arthur haviam se despedido de mim, eu respondi que não, então ela foi chama-los.
Quem primeiro entrou foi Arthur, ainda tímido, e em seguida, veio Felipe, que me abraçou.
Calado, peguei meu iPod, e novamente coloquei a música de Enigma, para me suavizar a alma.
Fecham-se as portas da ambulância, em em pouco segundos vou me afastando de um lugar onde o amor habita.
Olhando as paredes da caixa sobre rodas, apenas pude pensar que eu estava em um portal. Um transporte que te arranca de um lugar belo para a sua realidade. Vem em minha mente, Morpheus, dizendo para Neo em Matrix; - Welcome to the real world.
Esse foi meu maravilhoso Natal de 2011. Muita emoção e alegria. O que escrevi aqui, não se trata de erros de português, mas sim, o que vivi. Posso ter deixado alguma coisa para trás, alguns detalhes, mas o principal está escrito. Eu agradeço muito a DEUS, por essa oportunidade em minha vida. E que todos que estão com a Ju, sejam abençoados, e tenham a certeza de um lugar muito especial, ao lado de DEUS, no Reino Eterno.
Beijos, saudades, coração, amor e emoção.
Com carinho. Paulo.