Thursday, May 7, 2009

Domingos

Domingos era um amigo.
Na época que estávamos juntos, não lembro a idade dele, muitos menos a minha, mas éramos crianças.
Ele era o único que a Poliomielite permitiu de andar, mas da mesma maneira, ela fôra cruel.
Tendo uma escolióse que se agravava e um de seus braços com poucos movimentos, Domingos brincava.
Chegou aqui muito pequeno, nós éramos pequenos.
O tempo passava, e nos tornava mais criança.
Eu, com minha cadeira de rodas comum, andava estranhamente de ré, alguns achavam que eu tinha parentesco com algum caranguejo, mas, era mais fácil eu puxar, do que empurrar as rodas da cadeira.
Enquanto andava, Domingos brincava, até que me aproximei dele e...
Surgiu aí a dupla dinâmica, sem falar de Batman e Robin.
Anos e anos se passaram, e juntos, era um mundo encantado muito mais que a Disneylândia.
Mas...
Chegou o momento, triste. Pela primeira vez, senti a solidão presente.
Domingos recebeu alta e foi embora.
Meu amigo foi embora.
Peguei tudo que tinhamos como brinquedo, e fui até em um quarto vazio que ficava no fundo do corredor escuro.
Queria Domingos de volta para brincar.
Entrei no quarto com minha cadeira e deixei lá os brinquedos, tinha esperança de que um dia ele voltasse.
Lá fiquei, triste, chorando...
Paulo !!!
Uma tia me chamava.
Paulo, onde você está ?
Eu não respondia.
Vamos Paulo, vamos comer.
Ela acabou me achando...

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